A deputada federal Erika Hilton teve sua identidade de gênero negada durante a emissão de visto para os EUA, gerando acusações de transfobia e tensões diplomáticas.
Créditos : Agencia Brasil
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) enfrentou uma situação delicada ao ter sua identidade de gênero desconsiderada durante o processo de emissão de um visto diplomático para uma conferência acadêmica nos Estados Unidos. O incidente, ocorrido sob a administração do ex-presidente Donald Trump, gerou indignação e acusações de transfobia por parte da parlamentar.
Segundo Hilton, o visto emitido pela embaixada americana registrou seu sexo como masculino, ignorando sua certidão de nascimento retificada e seu passaporte brasileiro, que atestam seu gênero feminino. A deputada alega que essa ação configura uma política transfóbica do governo americano e levanta questões diplomáticas importantes.
“A transfobia de Estado, quando praticada nos Estados Unidos, ainda pede uma resposta da autoridade do poder judiciário americano. Mas, quando invade outro país, pede também uma resposta diplomática, uma resposta do Itamaraty”, declarou a deputada, enfatizando a necessidade de uma reação firme por parte das autoridades brasileiras.
Diante da gravidade da situação, Erika Hilton enviou um ofício ao Ministério das Relações Exteriores, solicitando uma reunião com o ministro Mauro Vieira. O Itamaraty está avaliando a possibilidade do encontro para discutir o caso e as medidas a serem tomadas. Além disso, a deputada informou que está articulando uma ação jurídica internacional contra o governo Trump, buscando reparação pelos danos causados.
A equipe da deputada reuniu documentos que comprovam que a embaixada americana em Brasília registrou Erika Hilton deliberadamente com o sexo masculino, desconsiderando seus documentos oficiais brasileiros. Esse ato foi considerado um desrespeito à soberania do Brasil e uma violação dos direitos da parlamentar.
“É absurdo que o ódio que Donald Trump nutre e estimula contra a pessoa trans tenha se barrado em uma parlamentar brasileira indo fazer uma missão oficial em nome da Câmara dos Deputados”, lamentou Erika Hilton, demonstrando sua indignação com a atitude da embaixada americana.
Erika Hilton fazia parte de uma missão oficial autorizada pela Câmara dos Deputados e tinha como objetivo palestrar no painel Diversidade e Democracia, durante a Brazil Conference at Harvard & MIT 2025, ao lado de outra autoridade brasileira. No entanto, após o ocorrido, a deputada decidiu cancelar sua viagem, demonstrando seu repúdio à discriminação sofrida.
“É muito grave o que os Estados Unidos têm feito com as pessoas trans que vivem naquele país e quem lá ingressa. É uma política higienista e desumana que além de atingir a pessoa trans também desrespeitam a soberania do governo brasileiro em emitir documentos que devem ser respeitados pela comunidade internacional”, afirmou a deputada, ressaltando a importância de combater a transfobia em todas as esferas.
Curiosamente, em 2023, a mesma embaixada havia emitido um visto para Erika Hilton respeitando sua identidade feminina. Segundo a deputada, a mudança de postura ocorreu após o decreto assinado pelo então presidente Donald Trump em janeiro de 2025, que não reconhece pessoas trans. Essa medida restritiva tem gerado protestos e críticas em todo o mundo.
Em nota oficial, a embaixada americana informou que o registro de vistos é confidencial e confirmou que só reconhece o sexo masculino e feminino. “A embaixada dos Estados Unidos informa que o registro de vistos são confidenciais conforme a lei americana e, por política, não comentamos casos individuais. Ressaltamos também que, de acordo com a Ordem Executiva 14168, é política dos EUA reconhecer dois sexos, masculino e feminino, considerados imutáveis desde o nascimento”, diz a nota.
