A ausência de dois cardeais conservadores no Conclave enfraquece o bloco tradicionalista na eleição papal, adicionando imprevisibilidade ao processo decisório da Igreja Católica.
Créditos : G1
A eleição do próximo Papa sofre uma reviravolta com a notícia de que dois cardeais de linha conservadora não poderão comparecer ao Conclave. As ausências, confirmadas pela Associated Press, impactam diretamente o equilíbrio de forças dentro do processo decisório da Igreja Católica.
Os cardeais Antonio Cañizares Llovera, da Espanha, e Vinko Puljic, da Bósnia, ambos com 79 anos, justificaram suas ausências por motivos de saúde. Com isso, o colégio eleitoral, inicialmente composto por 135 cardeais, agora conta com 133 membros aptos a votar.
O Conclave, evento central para a escolha do novo líder da Igreja, ainda não tem data definida, mas as discussões entre os cardeais no Vaticano apontam para o início dos trabalhos a partir de 5 de maio. A Capela Sistina, palco tradicional das eleições papais, será novamente o local onde os cardeais se reunirão para votar em segredo. O processo de eleição exige que um cardeal obtenha dois terços dos votos para ser eleito Papa. Caso nenhum candidato atinja essa marca nas primeiras rodadas, novas votações serão realizadas até que se alcance o número necessário. Mantendo-se o número de 133 cardeais presentes, a eleição será concluída quando um candidato obtiver pelo menos 89 votos.
A rotina do Conclave prevê até quatro votações diárias, divididas em dois turnos pela manhã e dois à tarde. Após três dias de votação sem um eleito, é prevista uma pausa de 24 horas para orações e reflexão. Uma nova pausa pode ser convocada após sete rodadas infrutíferas. Em situações de impasse, após 34 votações sem consenso, os dois cardeais mais votados na última rodada disputarão uma espécie de segundo turno. Mesmo nesse cenário, a eleição de um dos dois requer a obtenção de dois terços dos votos.
Analisando o cenário, o frade dominicano Frei Betto, em declarações à GloboNews, apontou que o próximo Papa deverá seguir uma linha de centro à direita. Segundo ele, o Papa Francisco liderou a Igreja Católica com uma postura progressista, mas com nuances conservadoras. Um dado relevante é que a maioria dos cardeais que participarão do Conclave, 108 no total, foram nomeados pelo Papa Francisco. Os demais votantes foram indicados pelos Papas Bento XVI e João Paulo II, o que demonstra a influência das diferentes gestões na composição do colégio eleitoral.
O Conclave representa um momento crucial para a Igreja Católica, definindo os rumos e a liderança para os próximos anos. A ausência dos cardeais conservadores certamente adiciona um elemento de imprevisibilidade ao processo, tornando o resultado ainda mais incerto.
- A ausência de dois cardeais conservadores diminui a influência do bloco tradicionalista.
- O conclave ocorrerá na Capela Sistina, com votações secretas.
- A maioria dos cardeais foi nomeada pelo Papa Francisco, indicando uma possível continuidade na linha de pensamento.