Os cardeais iniciaram o conclave com uma missa solene, marcando o começo da eleição do novo Papa. Ritos e tradições guiaram a cerimônia, enquanto o mundo aguarda o sinal da fumaça branca.
Créditos: G1
Na manhã desta quarta-feira, a Basílica de São Pedro, no Vaticano, foi palco de um momento carregado de simbolismo e tradição: a entrada solene dos cardeais para a missa Pro Eligendo Pontifice, marcando o início formal do conclave para a eleição do novo Papa. Um ‘corredor vermelho’, formado pela disposição dos fiéis, guiou os cardeais em sua jornada até o altar, onde se prepararam para as cerimônias que definirão o futuro da Igreja Católica. A celebração eucarística, aberta ao público, antecedeu as votações dos cardeais, com a primeira sessão agendada para a tarde. A entrada dos cardeais, em meio a um corredor especialmente reservado, representou sua última aparição pública antes do isolamento exigido pelo conclave. A disposição dos clérigos em semicírculo, diante do altar, intensificou a atmosfera de introspecção e reverência.
Durante a procissão, um religioso do Vaticano portava uma imagem sagrada de Jesus Cristo, reforçando a centralidade da fé no processo eleitoral. Ao alcançar o altar, o Cardeal Decano Giovanni Batista Re, responsável pela celebração, realizou a queima de incenso, perfumando o ambiente e simbolizando a purificação e a elevação espiritual. A fumaça envolveu as imagens sacras e o próprio altar, em um gesto de consagração e respeito. A missa, pontuada por cantos gregorianos, orações fervorosas e uma homilia inspiradora, buscou orientar os cardeais na escolha do novo líder da Igreja. Houve também momentos de homenagem ao Papa Francisco, falecido em abril, com preces em memória do ‘romano pontífice’.
Após a missa, os cardeais seguiram em procissão solene até a Capela Sistina, entoando o hino Veni Creator, uma invocação ao Espírito Santo para iluminar suas decisões. Na Capela Sistina, os cardeais prestaram juramento de sigilo absoluto sobre todo o processo de votação, um compromisso fundamental para garantir a integridade e a confidencialidade da eleição.
Espera-se que a eleição do novo Papa se estenda por dois a três dias. Uma vez reunidos na Capela Sistina, o mestre de cerimônias pronunciará o ‘Extra omnes’, ordenando a saída de todos os não participantes da eleição. A Capela será então fechada, isolando os cardeais do mundo exterior. O termo ‘conclave’ deriva do latim cum clavis, que significa ‘fechado à chave’, refletindo a natureza reclusa do processo.
Ao todo, 133 cardeais com menos de 80 anos participarão da eleição. O conclave se inicia com o sorteio de nove cardeais, que desempenharão três funções cruciais: a de escrutinadores, responsáveis pela contagem dos votos; a de revisores, que conferem a exatidão da contagem; e a de depositários, que guardam as cédulas e outros materiais relacionados à votação.
Cada cardeal preenche uma cédula com o nome do candidato de sua preferência, dobra o papel e o deposita em uma urna. Ao final da votação, os votos são lidos em voz alta, registrados, perfurados e amarrados. Após a contagem, as cédulas são queimadas em uma lareira especial.
A fumaça que emerge da chaminé da Capela Sistina serve como sinal para o mundo exterior, indicando o resultado da votação. Fumaça branca sinaliza a eleição de um novo Papa, enquanto fumaça preta indica que nenhuma decisão foi tomada e uma nova votação será realizada. Com 133 cardeais votantes, são necessários 89 votos para eleger o novo Pontífice.
Na quarta-feira, está prevista apenas uma votação durante a tarde. Caso nenhum candidato obtenha o número necessário de votos, até quatro novas rodadas poderão ocorrer na quinta-feira, divididas em duas sessões pela manhã e duas à tarde. Se, após três dias de votação, não houver uma definição, a votação é suspensa por 24 horas para orações e reflexão. O processo pode ser pausado novamente se outras sete rodadas se mostrarem inconclusivas.
Caso nenhuma decisão seja tomada após 34 votações, os dois nomes mais votados passam a disputar a eleição em um escrutínio final. Quando um Papa é eleito, ele é questionado se aceita o cargo e qual nome deseja adotar. Em seguida, o novo Papa se recolhe por alguns instantes na chamada Sala das Lágrimas, onde veste os trajes papais. Finalmente, é anunciado ao mundo e faz sua primeira aparição pública na sacada da Basílica de São Pedro.