Michael Scott Carter, um economista afro-americano, revoluciona o cenário vinícola brasileiro com uma vinícola que homenageia a cultura iorubá, promovendo a sustentabilidade e a inclusão.
O setor vinícola brasileiro, impulsionado pela rica diversidade de seus terroirs, testemunha um momento histórico com a ascensão de Michael Scott Carter, um economista afro-americano quebrando barreiras e inovando na produção de vinhos. Em um cenário onde mais de mil vinícolas se espalham pelo território nacional, com o sul concentrando a maior parte da produção, a iniciativa de Carter se destaca por sua singularidade e profundo significado cultural.
Nascido em Chicago, EUA, Carter escolheu as terras brasileiras para concretizar sua visão de uma viticultura que celebra a união entre as culturas brasileira e africana. Sua vinícola, localizada em Monte Belo do Sul, na Serra Gaúcha, região tradicionalmente conhecida pela produção de vinhos, apresenta uma coleção especial de quatro tipos de vinhos: branco, tinto, rosé e reserva. Cada um deles batizado com nomes em iorubá, idioma de expressiva presença em países africanos como Nigéria e Benin.
A linha de vinhos ‘Ilé’, que significa ‘casa’ em iorubá, busca resgatar e valorizar as raízes africanas no Brasil. O Ilé Amo, um vinho branco delicado, homenageia o solo fértil brasileiro e a exuberância de suas flores e frutos. Já o Ilé Amogo, um rosé vibrante, evoca a prosperidade e a intensidade das frutas vermelhas. O Ilé Amora, um tinto encorpado, celebra o amor e a paixão, sentimentos intrínsecos à cultura brasileira.
“Eu queria criar um vinho que contasse a história inteira do Brasil e expressasse a história das Américas de muitas formas. E o foco está na terra, que é onde tudo começa e onde tudo termina”, declara Carter, enfatizando a importância do solo como elemento fundamental na produção de vinhos de qualidade e com identidade cultural.
Além do aspecto cultural, a iniciativa de Carter se destaca por seu compromisso com a sustentabilidade. A vinícola adota práticas ecologicamente corretas em todas as etapas da produção, desde o uso de garrafas de vidro recicláveis e rótulos de papel certificado FSC até a utilização de rolhas naturais de cortiça. Essas ações demonstram a preocupação do produtor com a preservação do meio ambiente e a construção de um futuro mais sustentável para o setor vinícola.
Carter também ressalta a importância de promover a inclusão de profissionais negros no mercado de vinhos, incentivando o consumo e o conhecimento sobre a bebida por parte dessa parcela da população. Sua iniciativa representa um passo importante para a democratização do acesso ao vinho e a valorização da diversidade cultural no setor.
Com planos ambiciosos para o futuro, Carter planeja expandir sua linha de produtos com o lançamento de seu primeiro espumante e uma linha de sucos de uva, buscando atender a um público cada vez maior e diversificado. Sua trajetória inspiradora demonstra o potencial do vinho como ferramenta de transformação social e cultural, celebrando a história e a identidade do Brasil.
A iniciativa de Michael Scott Carter não apenas enriquece o cenário vinícola brasileiro, mas também lança luz sobre a importância da representatividade e da valorização da cultura afro-brasileira em todos os setores da sociedade. Sua paixão pelo vinho, aliada ao seu compromisso com a sustentabilidade e a inclusão, o tornam um exemplo inspirador para outros empreendedores e um agente de transformação em um mercado em constante evolução.