Novo tratamento promissor elimina dependência de insulina em pacientes com diabetes tipo 1

Um novo tratamento experimental com células-tronco se mostra promissor ao eliminar a necessidade de insulina em pacientes com diabetes tipo 1. O estudo, liderado por pesquisadores do Canadá e dos EUA, está avançando para a fase 3 e já apresenta resultados promissores na estabilização dos níveis de glicose e na redução da dependência de insulina.

tratamento para diabetes

Um estudo inovador, atualmente na fase de ensaios clínicos, demonstra resultados promissores ao eliminar a necessidade de injeções de insulina em pacientes diagnosticados com diabetes tipo 1. A pesquisa, liderada por cientistas renomados do Hospital Geral de Toronto, no Canadá, e da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, avança agora para a fase 3, com o objetivo de confirmar e expandir os resultados iniciais.

Os resultados das duas primeiras fases do estudo foram divulgados na revista científica New England Journal of Medicine, trazendo esperança para milhões de pessoas que convivem com a doença. A terapia, denominada zimislecel, utiliza ilhotas pancreáticas cultivadas em laboratório a partir de células-tronco, com a capacidade de produzir insulina de forma autônoma.

Células-tronco, conhecidas por sua pluripotência, são quimicamente induzidas a se diferenciar em células pancreáticas. Essas células especializadas são então introduzidas nos pacientes através de um vaso sanguíneo que irriga o fígado, onde se estabelecem e começam a secretar insulina naturalmente, suprindo a necessidade da administração externa do hormônio.

A fase mais recente do ensaio clínico envolveu 14 pacientes com diabetes tipo 1 de difícil controle. Inicialmente, os dois primeiros participantes receberam uma dose reduzida do zimislecel para avaliar a segurança do tratamento. Após a constatação da boa tolerância à terapia, os 12 pacientes restantes receberam doses completas.

Para prevenir a rejeição das ilhotas transplantadas, os pacientes foram submetidos a terapia imunossupressora, similar ao protocolo utilizado em transplantes de órgãos, como o coração. O acompanhamento médico se estendeu por um período mínimo de um ano. Os resultados revelaram que 83% dos pacientes que receberam a dose completa (10 dos 12) não necessitaram mais de injeções de insulina após um ano de tratamento. Contudo, o monitoramento contínuo é essencial para avaliar os efeitos a longo prazo.

Adicionalmente, nenhum dos pacientes apresentou episódios graves de hipoglicemia (baixos níveis de açúcar no sangue), condição que pode levar a confusão mental, convulsões e hospitalização. Observou-se também uma melhora significativa no controle glicêmico, com níveis de hemoglobina glicada abaixo de 7%. De acordo com a Mayo Clinic, referência em pesquisa médica, taxas normais de hemoglobina glicada devem ser inferiores a 5,7%, enquanto níveis entre 5,7% e 6,4% indicam pré-diabetes, e valores superiores a 6,4% são indicativos de diabetes.

Além disso, os pacientes que receberam a dose completa do zimislecel apresentaram um aumento no tempo em que as taxas de açúcar no sangue se mantiveram dentro da normalidade, bem como uma diminuição na variabilidade glicêmica, reduzindo o risco de complicações associadas à diabetes.

“Esses resultados iniciais representam um avanço significativo no tratamento da diabetes. Dez dos 12 pacientes alcançaram a independência da insulina, o que significa que eles não precisam mais controlar sua doença a cada hora do dia. Em muitos casos, eles estão livres da insulina [farmacêutica] pela primeira vez desde o diagnóstico”, afirmou Trevor Reichman, diretor do programa de transplante de pâncreas e ilhotas do Hospital Geral de Toronto e principal autor do estudo, em comunicado à imprensa.

O estudo apontou que a maioria dos efeitos colaterais foram leves ou moderados, sem relatos de reações adversas graves. Infelizmente, dois participantes do estudo faleceram durante o período de acompanhamento, mas as mortes não foram relacionadas à terapia.

O estudo, financiado pelo laboratório Vertex Pharmaceuticals, está avançando para a fase final, com a participação de 50 pacientes. A expectativa é que as primeiras doses sejam administradas nos próximos meses e, caso a etapa seguinte seja bem-sucedida, o tratamento será submetido à aprovação das agências regulatórias em 2026, tornando-se disponível ao público em geral. O laboratório também está pesquisando formas de reduzir ou eliminar a necessidade de imunossupressores para os usuários do zimislecel, incluindo novas formas de encapsular as ilhotas pancreáticas e edição de genes.

A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune em que o sistema imunológico do próprio corpo ataca e destrói as células pancreáticas produtoras de insulina. Indivíduos com essa forma da doença dependem não apenas da insulinoterapia, mas também do monitoramento constante dos níveis de glicose no sangue. O controle da doença é frequentemente desafiador e pode levar a complicações a longo prazo.

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