A menopausa pode trazer desafios respiratórios como a asma, com estudos apontando para uma possível associação, especialmente em mulheres em terapia hormonal. Fatores hormonais, envelhecimento e outros contribuem para a complexidade da relação, reforçando a importância de acompanhamento médico individualizado para diagnóstico e tratamento adequados.
A menopausa, marcada por ondas de calor, alterações de humor e outros sintomas característicos, pode vir acompanhada de um desafio respiratório adicional: a asma. Embora a ciência não estabeleça uma relação direta de causa e efeito, estudos apontam para uma possível associação, especialmente em mulheres que fazem terapia hormonal durante a menopausa. Uma pesquisa canadense, que acompanhou mais de 14 mil mulheres na pós-menopausa por dez anos, revelou que aquelas que entraram na menopausa mais cedo (entre 40 e 44 anos) apresentaram um risco 30% menor de desenvolver asma em comparação com aquelas que iniciaram essa fase mais tarde (entre 50 e 54 anos). Contudo, fatores como tabagismo prévio, alergias e residência em áreas urbanas podem influenciar esses resultados.
A asma, definida como uma doença inflamatória crônica dos pulmões, provoca broncoespasmos e falta de ar. Izabella Cordeiro Freire Saad Rached, da Asbai, destaca que a asma alérgica é frequentemente desencadeada por alérgenos como poeira, poluição e mofo. Estudos sobre a relação entre menopausa e asma apresentam resultados conflitantes, com alguns indicando aumento e outros, diminuição da doença. Acredita-se que as mudanças hormonais desempenham um papel importante nessa associação, reforçando a necessidade de um acompanhamento médico individualizado para mulheres na menopausa.
Zuleid Mattar, pediatra de 68 anos, é um exemplo de como a asma pode surgir durante a menopausa. Apesar de ter histórico familiar da doença, ela só desenvolveu sintomas aos 55 anos, coincidindo com o início da menopausa. Os sintomas iniciais eram leves, mas a condição se agravou após uma gripe em 2018 e, posteriormente, após contrair Covid-19 em 2021, necessitando de intubação. O tratamento com imunobiológicos se mostrou eficaz para Zuleid, permitindo que ela reduzisse significativamente o número de medicamentos que usava para a asma e melhorasse sua qualidade de vida. A experiência de Zuleid ilustra a importância de buscar tratamento adequado para a asma, especialmente em casos graves que não respondem ao tratamento padrão.
O estrogênio, hormônio que diminui durante a menopausa, é apontado como um possível fator na relação entre asma e menopausa. Sua ação anti-inflamatória pode proteger o organismo, e a queda nos níveis hormonais durante a menopausa pode favorecer o desenvolvimento de doenças inflamatórias como a asma. No entanto, outros fatores, como o envelhecimento e o ganho de peso, também podem contribuir. Lucia Helena Simões da Costa Paiva, da Febrasgo, ressalta que o envelhecimento causa a piora da função pulmonar e da imunidade, o que pode aumentar a suscetibilidade a doenças respiratórias. Além disso, o ganho de peso associado à menopausa pode comprometer a função pulmonar e aumentar o risco de doenças cardiovasculares, fatores que podem estar relacionados ao aumento da asma.
Angela Honda, da Fundação ProAR, observa que a asma de início tardio, como a que surge na menopausa, tende a ser mais grave e de difícil controle. Ela destaca que, embora a maioria dos pacientes consiga controlar a asma com corticoide inalatório, uma pequena porcentagem necessita de tratamentos mais avançados, como os imunobiológicos. Em resumo, a relação entre menopausa e asma é complexa e multifacetada. Mudanças hormonais, envelhecimento, ganho de peso e outros fatores podem influenciar o desenvolvimento e a gravidade da asma em mulheres na menopausa. É fundamental buscar acompanhamento médico adequado para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado.
