Bárbara Paz: Reflexões sobre a vida, arte e superação

Bárbara Paz revisita seu passado em exposição, fala sobre a solidão e o reality ‘Casa dos Artistas’, e dirige documentário sobre as enchentes no RS.

Bárbara Paz

Bárbara Paz, renomada atriz e diretora, revisita um momento marcante de sua trajetória pessoal e profissional na exposição ‘auto-acusação’. O evento, que já passou por Lisboa, São Paulo e Rio de Janeiro, apresenta uma série de obras impactantes criadas a partir de fragmentos de vidro, suturas e cabelos, elementos que simbolizam as cicatrizes físicas e emocionais decorrentes de um grave acidente de carro sofrido em 1992, quando tinha apenas 17 anos. A exposição, mais do que uma retrospectiva, é uma profunda reflexão sobre resiliência e transformação.

Em uma conversa franca e emocionante com Maria Ribeiro, no ‘Maria vai com os Outros’ do Canal UOL, Bárbara Paz compartilha detalhes íntimos sobre sua vida e obra. Durante a visita guiada à exposição, a atriz revela a história por trás de um pequeno fragmento de vidro que permaneceu em seu corpo por uma década. ‘Isso aqui é um pequeno vidrinho que morou em mim durante 10 anos. Esse vidrinho ficava aqui [no canto do olho], eu nunca tinha tirado’, relata, evidenciando a persistência das marcas do passado.

As sequelas do acidente, que resultaram em 434 pontos e um traumatismo craniano, são documentadas em fotos da época. Bárbara Paz relembra o turbilhão de emoções e o intenso tratamento médico a que foi submetida. ‘Morri dia 25 de dezembro de 1992, num Chevette branco ao som de Erotica de Madonna. (…) 434 pontos, espessura. tamanho. pó de vidro. Rasgo. Corte. Fratura. Exposta. Dentes, mandíbula. Traumatismo craniano’, descreve, em um relato visceral e poético.

A aparência atual de Bárbara Paz, com cicatrizes quase imperceptíveis, frequentemente gera especulações sobre possíveis cirurgias plásticas. A atriz, no entanto, nega ter se submetido a novos procedimentos. ‘[O cirurgião] me disse ‘eu não posso te operar de novo’, então eu nunca operei de novo (…) Todo mundo fala várias coisas depois que você vira uma pessoa pública, né? Falaram que eu fiz várias plásticas. Eu não fiz. Se eu pudesse, eu teria feito’, esclarece, demonstrando sua autenticidade e transparência. Além das marcas físicas, Bárbara Paz aborda a solidão e os lutos que permearam sua vida. A perda precoce do pai e da mãe, somada à viuvez do cineasta Hector Babenco, moldaram sua visão de mundo e sua busca por conexões humanas. ‘A vida me encarregou de ser sozinha desde sempre’, reflete. ‘Meu maior medo é ficar sozinha. Eu gosto de gente, eu preciso de gente, preciso de família, de um lugar de aquecimento, de abraço. Tenho falta disso, perdi todo mundo muito cedo. E amizade serve para isso, acho que amizade te dá esse conforto’.

A participação de Bárbara Paz no reality show ‘Casa dos Artistas’ é outro capítulo marcante de sua trajetória. A atriz revela que aceitou o convite por necessidade financeira e curiosidade, sem imaginar o impacto que o programa teria em sua carreira. ‘Eu achava que as pessoas só iam me aceitar se soubesse minha história, né? E aí vem um convite como esse [..] acabei ficando conhecida antes dos meus personagens’, explica. Mesmo após 24 anos, a atriz ainda é reconhecida por sua passagem no reality, o que ela encara com leveza e gratidão.

Consolidada como atriz de sucesso, com papéis de destaque no teatro, cinema e televisão, Bárbara Paz também se aventura na direção. Seu documentário ‘Rua do Pescador, nº 6’, retrata a devastação causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul em maio de 2024. A obra, em preto e branco e com poucos diálogos, é um ensaio poético sobre a tragédia e um alerta para a urgência climática. ‘Eu não conseguia dormir, vendo aquilo tudo, minha terra alagada, devorada, tipo, um tsunami’, desabafa a diretora, que é natural de Campo Bom, no Rio Grande do Sul.

Através de sua arte e de sua história de vida, Bárbara Paz inspira e emociona, transmitindo uma mensagem de superação, resiliência e amor à vida. ‘O documentário do pescador foi uma daquelas coisas urgentes que a gente tem que fazer’, finaliza a artista, reforçando seu compromisso com a arte e com a transformação social.

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