O Ministério da Educação (MEC) anulou três questões do segundo dia do Enem 2025 e acionou a Polícia Federal após a divulgação de que o estudante Edcley Teixeira antecipou perguntas da prova em uma live. Edcley nega as acusações, alegando coincidência e admitindo ter pago alunos para memorizar questões de um pré-teste do MEC. Especialistas criticam a vulnerabilidade do Banco Nacional de Itens, enquanto o presidente do Inep nega falhas no sistema.

Créditos: G1
Em meio à preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, uma controvérsia tomou conta do cenário educacional. O Ministério da Educação (MEC), após denúncias e investigações, tomou a decisão de anular três questões do segundo dia de provas. A medida drástica foi desencadeada pela divulgação de que um estudante teria antecipado perguntas do exame em uma transmissão ao vivo.
O protagonista dessa polêmica é Edcley Teixeira, residente de Sobral, no Ceará. Interrogado pela equipe do programa Fantástico, Teixeira minimizou o ocorrido, classificando a similaridade entre as questões como mera “coincidência”. Adicionalmente, ele admitiu ter remunerado estudantes para memorizarem perguntas de um pré-teste promovido pelo MEC. Em suas palavras, essa ação representou “uma forma de publicidade que hoje eu considero infeliz”, reconhecendo o equívoco da estratégia. Teixeira é aluno do quarto ano do curso de Medicina.
A acusação central recai sobre o fato de que Edcley Teixeira, que também atua como ministrante de cursos preparatórios online para o Enem, teria revelado em uma live direcionada a seus alunos, realizada na semana do exame, questões com notável semelhança com as que efetivamente integraram a prova oficial. A jornalista Luiza Tenente, do G1, apresentou ao Fantástico trechos da referida live, cujo acesso foi posteriormente restringido ao público. A investigação jornalística identificou pelo menos cinco questões com considerável grau de similaridade.
Diante das evidências, Edcley Teixeira reiterou que não tinha conhecimento prévio de que as questões seriam incluídas no exame, insistindo na tese de “coincidências pontuais”. Contudo, a jornalista Luiza Tenente, responsável pela reportagem inicial sobre o caso, manifestou ceticismo, afirmando ser “muito difícil acreditar que tenha sido sorte” e aventando a hipótese de ser “impossível” que a similaridade fosse fortuita.
Em um desenvolvimento subsequente, o estudante admitiu que as questões anuladas pelo Enem constavam de um concurso do qual participou em 2024, o Prêmio Capes Talento Universitário, promovido pelo próprio MEC. Segundo ele, a participação nesse concurso o levou a “desconfiar que pudesse ser um tipo de pré-teste”, pois teria identificado padrões semelhantes aos do Enem.
Os pré-testes, aos quais Teixeira se refere, são provas elaboradas pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) com o objetivo de testar questões que potencialmente integrarão o Enem. Esses testes são aplicados a estudantes do terceiro ano do ensino médio, visando avaliar o nível de conhecimento dos alunos e a adequação das questões.
A investigação conduzida pela jornalista Luiza Tenente revelou que Edcley Teixeira remunerava candidatos para memorizarem perguntas desses pré-testes. As mensagens trocadas entre Teixeira e os candidatos revelam que ele solicitava detalhes de “até dez questões” do exame.
Especialistas da área educacional têm manifestado preocupação com a vulnerabilidade do Banco Nacional de Itens (BNI), o repositório onde o Inep armazena as questões do Enem. Maria Helena Castro, ex-presidente do Inep, argumenta que a carência de um banco de itens mais robusto, com um número expressivo de questões calibradas, torna o pré-teste uma necessidade anual.
Em contrapartida, o atual presidente do Inep, Manuel Palacios, nega veementemente que o sistema de pré-teste apresente qualquer vulnerabilidade. O Ministro da Educação, Camilo Santana, assegurou que o Enem 2025 não será anulado, enfatizando que o exame representa “um patrimônio do Brasil”.
Para aqueles que desejam se aprofundar em reportagens investigativas e histórias fascinantes, o podcast ‘Isso É Fantástico’ está disponível em diversas plataformas, como G1, Globoplay, Deezer, Spotify, Google Podcasts, Apple Podcasts e Amazon Music. Os podcasts ‘Prazer, Renata’ e ‘Bichos na Escuta’ também podem ser encontrados nas mesmas plataformas.



