O Botafogo está se movendo para uma maior autonomia financeira, separando-se do caixa único com o Lyon e buscando alcançar uma receita bilionária em 2025 através da venda de jogadores e participação em competições importantes. Apesar dos desafios com dívidas, o clube demonstra otimismo em relação à sua sustentabilidade financeira futura.
A destinação dos recursos provenientes da venda de Thiago Almada ao Atlético de Madrid agora converge diretamente para os cofres do Botafogo. Essa mudança reflete uma nova dinâmica na gestão financeira do clube, marcando a separação do caixa único que antes compartilhava com o Lyon, dentro da estrutura da Eagle Football, a rede multiclubes liderada por John Textor.
A projeção da diretoria do Botafogo é ambiciosa: ultrapassar a marca de um bilhão de reais em receitas já em 2025. Essa meta audaciosa se sustenta, em grande parte, na comercialização de jogadores, um pilar fundamental da estratégia financeira do clube.
As recentes transformações no Lyon tiveram um impacto direto na forma como o Botafogo administra seus recursos. Com o afastamento de John Textor das decisões estratégicas do clube francês, o foco e os investimentos se concentram agora no clube carioca. O Lyon, por sua vez, precisou demonstrar sua estabilidade financeira aos órgãos de controle, revertendo, inclusive, o risco de rebaixamento. O aporte de recursos dos proprietários e da nova presidente, Michele Kang, foi crucial nesse processo.
Segundo informações apuradas, 2025 marcará uma nova era na gestão do caixa do Botafogo. Vendas recentes, como a de Thiago Almada, não apenas serão integralmente contabilizadas como receitas do clube, mas também terão um impacto direto no balanço financeiro. Contudo, essa autonomia traz consigo a necessidade de o clube caminhar com as próprias pernas, sem a segurança de um colchão financeiro proporcionado pela rede de clubes para cobrir despesas emergenciais. Anteriormente, recursos do Lyon foram utilizados para quitar salários e viabilizar contratações, como a do zagueiro Jair.
A gestão da SAF do Botafogo transmite otimismo, afirmando que o clube alcançou um patamar financeiro que lhe permitirá operar de forma sustentável. Apesar dos déficits operacionais registrados em 2022 (R$ 248 milhões) e 2023 (R$ 101 milhões), o clube reportou uma receita bruta de R$ 719 milhões no ano anterior, impulsionada pela participação no Brasileirão e na Libertadores. A análise detalhada do balanço financeiro, ainda não divulgado, será crucial para confirmar esses números.
Para 2025, impulsionado pela venda de jogadores e pela participação no Mundial de Clubes, o Botafogo almeja receitas na ordem de R$ 1,2 bilhão, equiparando-se aos gigantes Palmeiras e Flamengo. Negociações envolvendo jogadores como Almada, Luiz Henrique, Jair, Igor Jesus e Gregore reforçam essa perspectiva. É importante distinguir entre receita bruta e fluxo de caixa: a receita é contabilizada integralmente no ano da transação, enquanto o impacto no caixa depende das condições de pagamento acordadas com o clube comprador.
O Botafogo enfrenta desafios relacionados a dívidas, incluindo uma pendência com o Atlanta United referente à contratação de Thiago Almada. A dívida, que já é objeto de um processo na FIFA, alcança US$ 21 milhões (R$ 116 milhões). O clube planeja quitar integralmente esse valor ainda este ano, impactando seu fluxo de caixa. Curiosamente, o montante da dívida com o Atlanta se aproxima do valor que o Atlético de Madrid pagará por 50% dos direitos econômicos do jogador.
O pagamento ao Botafogo será realizado de forma parcelada, com a expectativa de que o clube receba um terço do valor da venda ainda em 2025. O endividamento do Botafogo exige cautela por parte de outros clubes na hora de negociar jogadores, como demonstrado pela exigência do Vélez Sarsfield de receber uma parcela à vista na negociação envolvendo Montoro. Visando à autossustentabilidade, o Botafogo implementou uma redução na folha salarial, que passou de R$ 23 milhões para R$ 19 milhões mensais.
A relação com o Lyon ainda não foi totalmente desfeita. Em função dos laços da família Textor, os clubes realizaram “empréstimos” mútuos ao longo do tempo, em um sistema de gestão centralizada da tesouraria conhecido como cash pooling. Atualmente, o Botafogo possui um saldo a receber maior do que o a pagar, o que contribui para equilibrar as operações dos últimos anos. No entanto, a análise dos documentos oficiais será fundamental para traçar um panorama preciso da situação financeira do clube.