Após o sucesso marcante de “Ainda Estou Aqui”, coroado com um Oscar de melhor filme internacional e um Globo de Ouro de melhor atriz para Fernanda Torres, as atenções se voltam para o Festival de Cannes, onde o Brasil deposita grandes esperanças para a próxima temporada de premiações.
O crítico Vitor Búrigo destaca a forte representação brasileira, apontando “Agente Secreto”, dirigido por Kleber Mendonça Filho e estrelado por Wagner Moura, como uma das principais apostas. O filme narra a trajetória de um homem que se muda de São Paulo para Recife em 1977, buscando refúgio de um passado sombrio e a oportunidade de recomeçar.
Búrigo ressalta a familiaridade de Kleber Mendonça com Cannes, mencionando sua presença no festival desde os tempos de jornalista e a subsequente exibição de seus filmes, com destaque para “Bacurau”, que foi premiado. A expectativa é que “O Agente Secreto” represente o Brasil na disputa pela Palma de Ouro, com estreia prevista para agosto.
A jornalista Flávia Guerra compartilha do otimismo em relação às chances brasileiras. Ela expressa o desejo de que Kleber finalize o filme a tempo para o festival, mencionando Wagner Moura como um trunfo. Karim Ainouz, outro nome de peso, apresentará “Rosebushpruning”, descrito como um projeto inovador e inspirado em “De Punhos Cerrados”.
Guerra também menciona “Leite em Pó”, de Carlos Segundo, uma coprodução com a França estrelada por Vinícius de Oliveira. A França tem tradição em prestigiar produções desse tipo, e Carlos já concorreu à Palma de Ouro com o curta “Sideral”, aumentando as chances do longa no festival.
A 30ª edição do festival internacional de documentários É Tudo Verdade, realizada em São Paulo e no Rio de Janeiro, celebra a força da produção documental brasileira. Amir Labaki, criador do evento, destaca a estabilidade e relevância da produção nacional e internacional, ressaltando o papel do festival em apresentar o melhor das novas safras. Labaki enfatiza a singularidade dos documentários brasileiros, reconhecidos por sua complexidade e inovação narrativa. Ele observa que a edição deste ano reflete um “mal-estar no ar”, com filmes que abordam temas como autoritarismo e autocracia de forma inovadora.
Nos cinemas, “O Turista Aprendiz”, de Murilo Salles, adapta o diário de viagem de Mário de Andrade pelo rio Amazonas em 1927. Filmado em estúdio, o filme apresenta uma abordagem cinematográfica e teatral, com o diretor buscando adentrar na mente do autor. Salles revela que “Macunaíma”, principal obra de Mário de Andrade, foi fundamental em sua formação, e que o filme representa uma atualização do autor e do mito de Macunaíma. Ele descreve “O Turista Aprendiz” como um filme que revisita a aristocracia paulista e as questões de identidade de Mário de Andrade.
Flavia Guerra e Vitor Búrigo apresentam o Plano Geral, exibido às quartas-feiras no canal de Splash no YouTube e na home do UOL, com as principais notícias sobre cinema e streaming. O programa também está disponível no Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.
