
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, nutre uma admiração especial por Carlo Ancelotti, considerado um desejo antigo que não se concretizou em 2023, quando a entidade buscou o italiano pela primeira vez. No entanto, ciente da complexidade de tal contratação e da necessidade de alternativas viáveis, Rodrigues ampliou o espectro de candidatos. Nesse contexto, Pep Guardiola e Jorge Jesus emergem como opções relevantes, juntando-se ao italiano na mira da confederação para liderar o projeto da seleção pentacampeã mundial.
A estratégia atual da CBF, segundo fontes próximas à presidência, envolve a ativação de intermediários e contatos estratégicos para sondar a disponibilidade, o interesse e as condições contratuais de cada um desses técnicos de renome mundial. Após essa fase inicial de sondagens, a diretoria buscará entender qual negociação apresenta maior viabilidade prática e financeira, e quais conversas têm potencial real para progredir. É um exercício complexo que vai além do desejo da entidade, esbarrando nos projetos atuais e vínculos de cada profissional.
Neste cenário de busca por um novo comandante, até mesmo Abel Ferreira, técnico multicampeão pelo Palmeiras e com trabalho consolidado no futebol brasileiro, pode ganhar força e entrar de forma mais concreta no radar da seleção. Contudo, a prioridade inicial parece recair sobre os treinadores estrangeiros que atuam nos principais centros do futebol europeu e no emergente mercado do Oriente Médio, refletindo uma busca por um perfil internacionalmente experiente.
Um fator crítico que permeia a possível troca no comando técnico é o calendário futebolístico. A CBF avalia o impacto do novo Super Mundial de Clubes da FIFA, agendado para meados de 2025, que pode dificultar a confirmação e o início do trabalho de um eventual substituto para Dorival Júnior em tempo hábil. A seleção brasileira, que sofreu uma derrota expressiva por 4 a 1 para a Argentina recently, só retorna a campo em junho para compromissos pelas Eliminatórias Sul-Americanas contra Equador e Paraguai, jogos que ocorrerão antes do torneio de clubes.
A reunião agendada com Dorival Júnior, embora parta de uma posição interna majoritariamente inclinada à demissão, oferecerá ao técnico a oportunidade formal de argumentar por sua permanência e apresentar sua visão para o futuro da equipe. Ainda assim, as chances de reverter a tendência de mudança são consideradas remotas neste momento, dada a movimentação da CBF no mercado.
Analisando os perfis dos principais candidatos estrangeiros, Jorge Jesus é conhecido por seu desejo público de treinar a seleção brasileira, tendo manifestado essa ambição em entrevistas anteriores. Atualmente, comanda o Al-Hilal, na Arábia Saudita, sob um contrato financeiramente vantajoso. Sua passagem pelo Flamengo deixou um legado de idolatria, mas sua gestão no clube árabe incluiu um período de atrito com Neymar, relacionado à forma física do jogador após lesão, um ponto que Jesus tentou suavizar posteriormente. Pessoas próximas ao técnico português acreditam que ele aceitaria prontamente um convite para assumir a seleção, possivelmente antes mesmo do Super Mundial.
Pep Guardiola, por outro lado, representa um alvo de enorme prestígio, mas também de grande dificuldade. O técnico catalão tem um vínculo contratual recém-renovado com o Manchester City, válido até meados de 2027. Apesar de seu histórico incomparável de sucesso, Guardiola enfrenta uma temporada considerada mais desafiadora na Inglaterra, o que, em teoria, poderia alimentar especulações. No entanto, seu compromisso com o clube inglês é financeiramente robusto e desportivo, tornando qualquer negociação extremamente complexa.
Carlo Ancelotti, o preferido de Ednaldo Rodrigues, possui contrato vigente com o Real Madrid até o final de junho de 2026. Sua principal vantagem competitiva reside na excelente relação profissional e pessoal que mantém com jogadores brasileiros chave da atual geração, como Vinícius Júnior, Rodrygo e o futuro reforço Endrick, todos sob seu comando no clube espanhol. Essa familiaridade e o respeito mútuo são vistos internamente na CBF como fatores que poderiam facilitar uma transição suave e a rápida adaptação ao ambiente da seleção, caso a complexa negociação para sua liberação do Real Madrid fosse bem-sucedida.