O piloto brasileiro Gabriel Bortoleto enfrenta desafios com a sensibilidade do carro da Sauber à turbulência, afetando a aderência e o ritmo. A equipe busca soluções para mitigar esses efeitos e melhorar o desempenho em condições de ar turbulento.
A temporada de estreia de Gabriel Bortoleto na Fórmula 1 tem sido marcada por um desafio particular: a acentuada sensibilidade do seu Sauber às turbulências geradas por outros carros. O piloto brasileiro relata uma notável perda de aderência e instabilidade, comprometendo seu ritmo em situações de proximidade com outros competidores.
Embora o regulamento da F1 tenha sido concebido para mitigar os efeitos da turbulência, direcionando a pressão aerodinâmica primariamente para o assoalho dos carros, o desenvolvimento contínuo das equipes tem, paradoxalmente, intensificado esse problema ao longo dos anos. Engenheiros estimam que a turbulência pode custar até 0,2 segundos por volta.
O Grande Prêmio da Arábia Saudita ilustrou vividamente essa questão. Max Verstappen conseguiu estabelecer uma vantagem inicial sobre Oscar Piastri, pois não enfrentava turbulência. Piastri, apesar de possuir um carro mais rápido, viu seu desempenho prejudicado pelo ar turbulento. Posteriormente, Charles Leclerc, mesmo com um carro teoricamente inferior, superou a McLaren e a Red Bull depois de se livrar do ar turbulento da Mercedes de George Russell. A vantagem do ar limpo nunca foi tão evidente sob as atuais regulamentações, implementadas em 2022.
Contudo, nem todos os carros reagem da mesma forma à turbulência e a outras variáveis, como mudanças na direção do vento. Iñaki Rueda, diretor esportivo da Sauber, reconhece que a equipe está investigando se seu carro é particularmente suscetível a esses efeitos. “Acreditamos que essa é uma deficiência do nosso carro, mas não posso afirmar categoricamente que seja pior do que outros carros”, afirmou Rueda.
A Sauber está empenhada em aprimorar a robustez do carro em diversas condições, especialmente em situações de vento variável. Rueda explica que o carro demonstra estabilidade em linha reta, mas torna-se instável quando exposto a rajadas de vento, uma condição comum ao seguir outros carros. A equipe está focada em refinar o assoalho para mitigar esse problema, garantindo que as novas peças não apenas aumentem a pressão aerodinâmica, mas também ampliem a janela de operação do carro.
Nico Hulkenberg, companheiro de equipe de Bortoleto, também reconhece a dificuldade em lidar com o tráfego e o ar sujo. Embora evite comparações diretas com seu carro anterior da Haas, Hulkenberg concorda que a Sauber enfrenta desafios significativos nesse aspecto: “Nenhum carro de F1 gosta de andar no trânsito e é afetado pelo ar sujo, mas ainda assim eu acredito que há níveis diferentes do quanto você pode perder com isso.”
Bortoleto corrobora a percepção de Hulkenberg, afirmando que ambos estão alinhados em suas reclamações durante as reuniões internas da Sauber. O novo chefe da equipe, Jonathan Wheatley, não especificou um cronograma para as atualizações do carro, mas enfatizou que a equipe tem se concentrado em melhorias, impulsionada pela ausência de danos por acidentes nas últimas corridas. “O grid está tão apertado que ganhar um décimo é ótimo, ganhar dois mudaria totalmente o cenário”, concluiu Wheatley.