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Créditos: G1
Na sequência da suspensão das atividades da Voepass pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na última terça-feira, o programa Fantástico obteve acesso exclusivo a um depoimento impactante de um mecânico da empresa. A Voepass ganhou notoriedade após o trágico acidente ocorrido em 9 de agosto de 2024, quando uma aeronave ATR-72-500 da companhia despenhou-se sobre a cidade de Vinhedo, a 80 km de São Paulo, resultando na perda de 62 vidas.
Menos de um mês após a catástrofe, o Cenipa (Centro de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) divulgou um relatório preliminar que apontava para a significativa formação de gelo como um fator contribuinte no voo fatídico – uma ocorrência comum na altitude em que os ATRs operam. Contudo, a aeronave não efetuou a descida necessária para dissipar o acúmulo de gelo, contrariando as recomendações de segurança. Adicionalmente, os sistemas de degelo das asas apresentaram falhas. A estabilidade da aeronave foi severamente comprometida, culminando na perda de sustentação.
A queda da aeronave foi classificada como um caso singular na história da aviação comercial, caracterizada pelo fenômeno conhecido como “parafuso chato”, onde a aeronave gira descontroladamente enquanto perde altitude. Diante deste cenário, o Fantástico buscou aprofundar a investigação sobre as circunstâncias que permitiram o acúmulo de problemas que culminaram no acidente, bem como os bastidores que levaram à drástica decisão de suspender as operações da companhia aérea. Para tal, o programa entrevistou, em caráter exclusivo, um mecânico que integrava a equipe da Voepass antes e após o acidente.
Imagens capturadas pelo Fantástico em dezembro revelam aeronaves estacionadas em meio a um matagal em Ribeirão Preto, sede da empresa. Segundo o mecânico, essas aeronaves eram submetidas a um processo de canibalização, sendo gradualmente desmontadas para fornecer peças de reposição para as aeronaves em operação. Embora essa prática não seja inerentemente problemática, o ex-funcionário alega que, no caso da Voepass, ela era conduzida de forma irregular.
Em resposta às alegações, a Voepass emitiu uma nota ao Fantástico, afirmando sua intenção de retomar as atividades o mais breve possível e reiterando que a segurança sempre foi sua prioridade máxima ao longo de seus 30 anos de operação. A companhia argumenta que o relatório preliminar do Cenipa confirmou que a aeronave do voo 2283 possuía certificação válida e todos os sistemas em pleno funcionamento. No que tange à manutenção das aeronaves, a Voepass defende que a reutilização de componentes entre aeronaves é uma prática legal, desde que haja certificação e rastreabilidade adequadas. A empresa contesta as denúncias de irregularidades, assegurando que segue rigorosamente todos os protocolos regulatórios. Em relação às aeronaves envelopadas, a Voepass nega veementemente ter burlado quaisquer fiscalizações.