Hotel em Belém, antigo motel, causa polêmica com preços elevados para a COP30

Um antigo motel em Belém, agora renomeado Hotel COP30, gerou controvérsia ao anunciar diárias com preços exorbitantes para a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30). A situação causou preocupação entre delegações internacionais, levantando questões sobre a viabilidade da conferência na cidade.

Hotel COP30 em Belém
Créditos: G1

Em Belém, no Pará, o Hotel COP30, situado no bairro da Campina, tornou-se o centro de uma polêmica acalorada devido à sua estratégia de preços para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), agendada para novembro. Anteriormente conhecido como Hotel Nota 10 e operando como um motel com diárias acessíveis a partir de R$ 70, o estabelecimento passou por uma reformulação e mudança de nome em 2024. A gerência justificou os preços elevados, que variavam de R$ 5,6 mil a R$ 7 mil por noite, como um ‘teste de mercado’.

A divulgação dos preços exorbitantes, especialmente através de uma postagem viral no X (antigo Twitter) que comparava o ‘antes e depois’ da fachada do hotel e exibia uma reserva na Booking.com no valor de R$ 6,3 mil, gerou indignação generalizada. A repercussão negativa coincidiu com um momento de tensão em relação aos custos de hospedagem na capital paraense para a COP30, levando a reclamações de delegações e a uma reunião de emergência na ONU. André Corrêa do Lago, presidente do evento, admitiu que os altos custos poderiam impedir a participação de países mais pobres e comprometer a legitimidade da conferência.

Após a visita da equipe do g1 ao hotel, a administração anunciou uma reformulação dos preços. Em uma verificação recente no Booking.com, uma diária para o período da cúpula aparecia por R$ 2.275 para um quarto duplo com banheiro privativo e cama de casal. A aquisição do prédio por novos proprietários em agosto de 2024 e a subsequente reforma completa, que incluiu a instalação de ar-condicionado, frigobar, chuveiro elétrico e nova mobília em todos os 17 quartos, foram apresentadas como justificativas para a nova política de preços.

A recepção do hotel também passou por uma transformação, com a incorporação de decoração regional e elementos em madeira. Embora os valores investidos na adaptação da estrutura não tenham sido divulgados, a gerência destacou a oferta de um café da manhã regional com tapioca e suco de cupuaçu, além da promessa de reforçar a ambientação amazônica e incluir pratos típicos no almoço, como maniçoba e pato no tucupi, durante a semana da COP30.

Apesar da recente exposição, o gerente Alcides admitiu que o hotel ainda não possui reservas concretizadas para a semana da cúpula. A maioria das cotações recebidas até o momento provém de estrangeiros interessados em alugar todos os 17 quartos de uma só vez. Segundo ele, a listagem no Booking.com serviu para avaliar a reação do mercado e, diante da percepção de valores ‘muito desregulados’, a administração decidiu ajustar sua estratégia, manifestando disposição para se adaptar a eventuais diretrizes oficiais.

Adicionalmente, o hotel, localizado a cerca de 30 minutos de carro do Parque do Povo, onde ocorrerão as principais negociações da COP30, recebeu sondagens de embaixadas estrangeiras. As altas tarifas praticadas pelos hotéis em Belém para o período da conferência climática da ONU têm gerado forte pressão sobre o governo brasileiro, com países ameaçando transferir o evento para outra cidade. O presidente da COP 30, André Corrêa do Lago, confirmou que alguns países solicitaram formalmente a mudança de sede devido aos preços abusivos, que em alguns casos chegaram a multiplicar por 15 o valor das diárias.

O governo brasileiro, por meio da Casa Civil, coordena um grupo de trabalho para tentar conter os preços, embora a legislação nacional não permita impor limites às tarifas da rede hoteleira. A COP30, que será a primeira conferência climática da ONU realizada na Amazônia, enfrenta desafios logísticos significativos, incluindo a escassez de leitos de hotel em Belém, que normalmente dispõe de 18 mil vagas, para acomodar os cerca de 45 mil participantes esperados. O governo anunciou a garantia de dois navios de cruzeiro para fornecer 6 mil camas extras e abriu reservas para países em desenvolvimento com diárias de até US$ 220, valor ainda acima do auxílio-moradia oferecido pela ONU a algumas nações mais pobres.

Diante da persistência dos altos preços, autoridades de diversos governos, incluindo nações europeias mais ricas, relatam dificuldades em garantir acomodações e cogitam reduzir sua participação na COP30. A situação tem gerado um impasse diplomático e levanta sérias preocupações sobre a capacidade de Belém de sediar o evento com sucesso.

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