Ginasta Julia Soares destaca o impacto de Simone Biles ao encorajar atletas a priorizarem a saúde mental. Psicóloga do COB compara a importância da saúde mental ao tratamento de lesões físicas. Lorrane Oliveira compartilha sua experiência pessoal e o suporte recebido pelo COB.
O impacto da decisão de Simone Biles de se afastar das Olimpíadas de Tóquio para priorizar sua saúde mental continua a reverberar no mundo do esporte. O gesto corajoso da renomada ginasta não só causou impacto, mas também abriu caminho para que outros atletas se sentissem à vontade para discutir abertamente suas próprias lutas.
Durante um evento que marcou a renovação da parceria entre a Medley e o Comitê Olímpico do Brasil (COB), a ginasta Julia Soares, que conquistou a medalha de bronze por equipes nos Jogos de Paris, enfatizou a importância da atitude de Biles em desmistificar a questão da saúde mental no esporte de alto rendimento.
“A partir daquele momento, todos os atletas tiveram a consciência de que somos seres humanos,” declarou Soares. “É importante ver que uma das maiores atletas do mundo começou com isso e mudou a vida de muitos outros. Depois de um tempo, com os profissionais perguntando para a gente, começamos a nos abrir. No treinamento, nem sempre conseguimos dar o nosso melhor, e isso é normal.”
A psicóloga do COB, Carla di Pierro, presente na discussão, traçou um paralelo entre a atenção dedicada à saúde mental e o tratamento de lesões físicas. Ela ressaltou a necessidade de atletas e da população em geral entenderem que a mente é tão importante quanto qualquer parte do corpo. “Cuidar da saúde mental é como cuidar do joelho de um atleta. Ele pode, sim, se afastar para isso, porque influencia diretamente na performance,” explicou di Pierro.
Lorrane Oliveira, também medalhista nos Jogos de Paris, compartilhou sua experiência pessoal, destacando o privilégio de estar cercada por profissionais conscientes da importância da saúde mental. Ela relembrou um período de afastamento de um ano após as Olimpíadas do Rio em 2016. “A primeira vez que me afastei dos treinos e entendi que era normal acontecer isso foi em 2016, depois das Olimpíadas. Então quando a Simone se afastou e todos se surpreenderam, eu já entendia aquilo como algo normal. Que bom que no COB a gente sempre teve acompanhamento. Desde que eu comecei a competir em grandes eventos, sempre estive com o suporte do COB. Isso não é qualquer pessoa que tem. São coisas que minha família, por exemplo, só começou a ter agora,” revelou Oliveira.
O debate em torno da saúde mental no esporte ganha cada vez mais força, impulsionado por atletas como Simone Biles e Julia Soares, que compartilham suas experiências e incentivam outros a buscarem ajuda quando necessário. O apoio psicológico oferecido pelo COB é um exemplo de como as instituições esportivas podem contribuir para o bem-estar de seus atletas, garantindo que eles tenham as ferramentas necessárias para lidar com os desafios da alta performance. A conscientização sobre a saúde mental é fundamental para quebrar o estigma e promover um ambiente mais saudável e acolhedor para os atletas, permitindo que eles alcancem seu potencial máximo dentro e fora das competições.