Mark Carney vence eleição no Canadá após reviravolta impulsionada pela oposição a Trump, que ameaçou anexar o país aos EUA.
Créditos: G1
Em um pleito marcado por comparecimento recorde às urnas, Mark Carney, do Partido Liberal, emergiu vitorioso, assegurando a continuidade de seu mandato como primeiro-ministro do Canadá. Este resultado eleitoral representa a culminação de uma notável reviravolta no panorama político canadense. Surpreendentemente, até janeiro deste ano, as pesquisas de opinião pública indicavam uma esmagadora vantagem da oposição, chegando a atingir 80% de preferência.
Analisando a trajetória temporal da eleição canadense, identifica-se um ponto de inflexão crucial: a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos em janeiro. Conforme observa Maurício Moura, professor da Universidade George Washington, em entrevista a Natuza Nery, Trump desempenhou o papel de um ‘anti-cabo eleitoral’, influenciando o eleitorado de maneira inesperada. Desde sua ascensão ao poder, Trump adotou uma postura provocativa em relação ao Canadá, inclusive com ameaças de anexação como o 51º estado americano. Essa retórica transformou o eixo central da eleição. As críticas dirigidas ao ex-primeiro-ministro Justin Trudeau foram eclipsadas pela estratégia anti-Trump adotada por Carney, que assumiu o cargo após a renúncia de Trudeau em março, com o objetivo de evitar a perda do controle do Parlamento pelo Partido Liberal.
Segundo Maurício Moura, a eleição no Canadá exemplifica o auge do ‘efeito Trump’: líderes que se opõem ao ex-presidente americano têm experimentado um aumento em sua popularidade em diversas partes do mundo. A eleição canadense demonstra como a política interna de um país pode ser profundamente impactada por eventos e figuras políticas de outras nações. A estratégia de Carney de se posicionar como um contraponto a Trump, explorando o sentimento anti-Trump no Canadá, provou ser eficaz. Ao desviar o foco das críticas internas e direcioná-lo para a relação com os Estados Unidos, Carney conseguiu unificar o eleitorado liberal e atrair indecisos. A eleição canadense serve como um estudo de caso sobre como a política internacional e a figura de líderes estrangeiros podem influenciar eleições domésticas, especialmente em um contexto de crescente polarização global.
A vitória de Carney também levanta questões sobre o futuro das relações Canadá-Estados Unidos sob um possível segundo mandato de Trump. Analistas políticos preveem que a relação bilateral poderá se tornar ainda mais tensa, com potenciais impactos nas áreas de comércio, segurança e política externa. O Canadá, sob a liderança de Carney, terá que navegar cuidadosamente nesse cenário desafiador, buscando preservar seus interesses nacionais e fortalecer suas alianças com outros países. Além disso, a eleição canadense demonstra a importância do engajamento cívico e da participação eleitoral. O comparecimento recorde às urnas reflete um interesse crescente da população em influenciar o futuro do país. A polarização política e a retórica inflamada de líderes como Trump podem ter contribuído para mobilizar eleitores que antes se mostravam apáticos. A eleição canadense serve como um lembrete de que cada voto conta e que a participação cidadã é fundamental para a saúde da democracia.
A equipe por trás do podcast O Assunto, que abordou essa temática crucial, é composta por Mônica Mariotti, Amanda Polato, Sarah Resende, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva e Thiago Kaczuroski. A apresentação do programa ficou a cargo de Natuza Nery, que conduziu a discussão de forma perspicaz e informativa.