Investigação revela esquema de pagamentos a famílias de menores que participavam dos vídeos do influenciador Hytalo Santos. Autoridades apuram alegações de exploração e trabalho forçado.

Uma investigação complexa envolvendo o influenciador digital Hytalo Santos lançou luz sobre um possível esquema de remuneração irregular envolvendo famílias de menores. As autoridades apuram denúncias de que os pais dos adolescentes recebiam pagamentos periódicos, caracterizados como ‘mesadas’, em troca da permissão para que seus filhos residissem com Santos e participassem ativamente de suas produções audiovisuais, amplamente divulgadas em diversas plataformas de mídia social.
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De acordo com as alegações que embasam a investigação, os valores repassados às famílias variavam entre R$ 2.000 e R$ 3.000 mensais. Contudo, um ponto que chama a atenção é a alegação de que conselheiros tutelares da região, responsáveis pela proteção dos direitos da criança e do adolescente, afirmam não ter recebido nenhuma denúncia formal por parte das famílias envolvidas, o que dificulta a apuração dos fatos e a tomada de medidas protetivas.
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Em um depoimento colhido durante a investigação, uma das mães dos adolescentes envolvidos declarou desconhecer se sua filha recebia qualquer tipo de pagamento regular e negou que a participação da jovem nas produções de Hytalo Santos configurasse uma relação de trabalho. A equipe de reportagem do Fantástico tentou contato com os pais dos demais adolescentes envolvidos, mas não obteve sucesso até o momento.
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A maioria das famílias reside em Cajazeiras, cidade natal de Hytalo Santos, localizada no interior da Paraíba. O influenciador iniciou sua trajetória profissional ministrando aulas de dança em praças públicas da cidade. Posteriormente, começou a produzir vídeos com a participação de adolescentes, o que lhe rendeu um crescente número de seguidores e o impulsionou a se mudar para João Pessoa, onde consolidou sua fama nas redes sociais e obteve considerável sucesso financeiro.
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Com a ascensão meteórica de sua carreira, Hytalo Santos passou a exibir um estilo de vida luxuoso, ostentando carros de alto valor e residências imponentes em diferentes cidades. Ex-colaboradores do influenciador afirmam que ele recebia grandes quantias em dinheiro em espécie e joias, mas a defesa nega veementemente qualquer envolvimento em atividades ilícitas.
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No momento da prisão, Hytalo Santos e um de seus colaboradores foram encontrados portando quatro aparelhos celulares cada um. Segundo o delegado de polícia Fernando Davi, a suspeita é de que eles estivessem tentando se evadir, cientes da iminente expedição de um mandado de prisão contra eles.
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A defesa de Hytalo Santos nega que ele estivesse fugindo e alega que sua presença em São Paulo se devia a compromissos de lazer. Os advogados também refutam as acusações de exploração sexual e tráfico de pessoas, classificando a prisão como ‘um exagero’.
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Os Ministérios Públicos da Paraíba e do Trabalho, por outro lado, sustentam que existem provas robustas de exploração de menores no caso. De acordo com os procuradores, os adolescentes foram aliciados em suas cidades de origem, levados para João Pessoa e submetidos a um regime de trabalho forçado. Após a prisão do influenciador, os jovens foram encaminhados de volta às suas famílias.
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As plataformas de mídia social Meta (Facebook, Instagram) e YouTube emitiram comunicados oficiais sobre o caso, reafirmando suas políticas de combate à exploração infantil e informando sobre a remoção de conteúdos que violem essas diretrizes. O TikTok também se manifestou, informando que a conta original de Hytalo Santos foi banida em abril de 2023 e uma nova conta foi novamente banida em junho de 2025.
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A investigação continua em andamento, com o objetivo de esclarecer todos os aspectos do caso e garantir a proteção dos direitos dos adolescentes envolvidos. As autoridades reforçam a importância de denunciar qualquer suspeita de exploração infantil, buscando o apoio dos órgãos de proteção e das autoridades competentes.




