Um crescente número de casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) em jovens mulheres tem levantado preocupações. Especialistas apontam o tabagismo, especialmente em combinação com o uso de contraceptivos hormonais, como um fator de risco modificável significativo. A conscientização e a prevenção são cruciais para mitigar essa tendência preocupante.

Créditos: G1

A recente morte da jovem cantora Karen Silva, ex-participante do The Voice Kids, aos 17 anos, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico, reacendeu o debate sobre a incidência e os fatores de risco associados a essa condição em jovens. Embora o AVC seja frequentemente associado a idosos, a ocorrência em indivíduos mais jovens tem se tornado uma preocupação crescente.

Especialistas em neurologia alertam que o AVC é a terceira principal causa de morte em escala global, superada apenas pela doença isquêmica do coração e pela COVID-19. Adicionalmente, destaca-se como a principal causa de incapacidade no mundo. No Brasil, a situação é igualmente alarmante, com uma parcela significativa dos AVCs afetando pessoas entre 18 e 50 anos, representando aproximadamente 13% dos casos.

Um estudo recente revelou que mulheres com menos de 35 anos apresentam um risco 44% maior de sofrer um AVC isquêmico em comparação com homens da mesma faixa etária. Essa análise, baseada em dados de cerca de 700 mil jovens adultos, sublinha a importância de compreender os fatores de risco específicos para mulheres jovens.

Fatores de risco modificáveis, ou seja, aqueles que podem ser controlados através de mudanças no estilo de vida ou intervenções médicas, desempenham um papel crucial. O tabagismo, o uso de contraceptivos orais e a terapia de reposição hormonal são apontados como fatores significativos que podem aumentar o risco de AVC em mulheres jovens.

Embora a causa exata do AVC em Karen Silva não tenha sido divulgada, seu pai relatou que ela não apresentava histórico de problemas de saúde. A condição, popularmente conhecida como ‘derrame’, impede que o cérebro receba oxigênio e nutrientes adequados, podendo causar danos irreversíveis. Existem dois tipos principais de AVC: isquêmico (bloqueio de uma artéria) e hemorrágico (ruptura de um vaso sanguíneo).

Dados do Ministério da Saúde revelam números preocupantes de atendimentos e óbitos por AVC no Brasil. A incidência em jovens tem aumentado, possivelmente devido a fatores como o aumento da pressão arterial, diabetes, obesidade e estilos de vida estressantes. Fatores ambientais, como a poluição do ar e o aumento das temperaturas, também podem contribuir.

Fatores de Risco e Particularidades em Mulheres:

• Tabagismo: Principal fator de risco modificável, especialmente em combinação com contraceptivos hormonais.
• Contraceptivos Orais: Aumentam o risco, especialmente em mulheres com enxaqueca com aura.
• Trombofilias: Predisposição genética à formação de coágulos sanguíneos.
• Doenças Cardíacas: Arritmias e outras condições que afetam o fluxo sanguíneo.

Sintomas e Diagnóstico:

Os sintomas de AVC incluem fraqueza súbita em um lado do corpo, dificuldade na fala, alterações na visão e dor de cabeça intensa. O teste SAMU (Sorria, Abrace, Mencione e Urgente) pode ajudar a identificar rapidamente um possível AVC.

O diagnóstico é confirmado por exames de imagem, como tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM), que permitem identificar a localização e a extensão da hemorragia.

Tratamento e Recuperação:

O tratamento imediato é crucial para minimizar os danos cerebrais. Medicamentos para dissolver coágulos ou reduzir a obstrução devem ser administrados o mais rápido possível. A recuperação depende da rapidez do diagnóstico e do tratamento, bem como da área do cérebro afetada.

Embora o AVC possa ser mais grave em jovens devido à menor quantidade de fluxo sanguíneo colateral, o cérebro jovem também possui uma maior capacidade de recuperação.

A morte de Karen Silva gerou grande comoção. Ela foi lembrada como uma jovem talentosa, carismática e inspiradora. Sua participação no The Voice Kids em 2020 a tornou conhecida em todo o Brasil.