O preço da fama: produtor de ‘Round 6’ enfrenta desafios de saúde em meio ao sucesso global

O diretor de ‘Round 6’, Hwang Dong-hyuk, enfrentou desafios de saúde significativos durante a produção da série, incluindo a perda de dentes devido ao estresse. Apesar dos desafios, a série alcançou um sucesso global, com a terceira temporada quebrando recordes na Netflix.

Hwang Dong-hyuk, diretor de Round 6

O fenômeno global ‘Round 6’ provou ser um empreendimento de grande sucesso, mas não sem um custo significativo para seu idealizador, o cineasta sul-coreano Hwang Dong-hyuk. A jornada para trazer a série à vida, desde a sua concepção em 2009 até o lançamento na Netflix, foi repleta de desafios que afetaram profundamente a saúde do diretor.

Em uma entrevista reveladora à BBC, Hwang Dong-hyuk compartilhou as consequências físicas do intenso estresse durante a produção da primeira temporada, lançada em 2021. Ele revelou que perdeu entre oito e nove dentes como resultado direto do esgotamento mental. Estudos corroboram essa experiência, indicando que pacientes psiquiátricos enfrentam um risco quase três vezes maior de perda dentária.

A saga continuou com as gravações da segunda e terceira temporadas, trazendo novos desafios e agravando a situação de saúde do diretor. ‘Infelizmente, perdi mais dois dentes’, confessou Hwang Dong-hyuk em entrevista à MovieMaker. Ele descreveu o ambiente no set de filmagem como uma verdadeira ‘guerra’, com uma média diária de 300 figurantes, um elenco principal de 15 a 20 atores e uma equipe de produção de 200 pessoas.

O diretor sul-coreano expressou a crença de que o estresse é inevitável em projetos da magnitude de ‘Round 6’. Embora reconheça a importância de técnicas de relaxamento como meditação e ioga, ele enfatizou que não há escapatória completa durante o processo de produção. No entanto, durante as filmagens da última temporada, Hwang Dong-hyuk implementou mudanças em sua dieta, garantindo uma nutrição adequada para mitigar os efeitos do estresse. Ele observou que, ao contrário das produções anteriores, conseguiu manter seu peso, consumindo sucos verdes e alimentos nutritivos ao acordar.

Hwang Dong-hyuk destacou a complexidade da filmagem do segundo jogo da segunda temporada, o Pentatlo de Seis Pernas, que exigiu 15 dias de gravação. A sequência envolve uma corrida de revezamento com cinco brincadeiras infantis coreanas, onde os jogadores estão amarrados pelos tornozelos.

Apesar dos desafios, o sucesso de ‘Round 6’ é inegável. A terceira temporada acumulou impressionantes 60,1 milhões de visualizações nos três dias seguintes à estreia, estabelecendo um novo recorde na Netflix. Esse número equivale a 368.400 horas assistidas. A primeira temporada continua sendo a mais vista na plataforma de streaming.

Antes do lançamento de ‘Round 6’, Hwang Dong-hyuk enfrentou dificuldades financeiras, chegando a vender seu computador pessoal para comprar comida. No entanto, ao final de 2021, sua fortuna era estimada em US$ 5 milhões. Ao ser questionado sobre o motivo de retornar à produção, ele respondeu com sinceridade: ‘Dinheiro. Mesmo que a primeira temporada tenha sido um sucesso global, eu não ganhei muito dinheiro. Fazer a segunda temporada vai me compensar pelo sucesso da primeira’.

Suzana Veiga, doutora em história, explica que a primeira temporada de ‘Round 6’ alcançou sucesso ao apresentar uma crítica sistêmica com reflexões incisivas sobre problemas estruturais da sociedade. Ela destaca que a série se tornou um símbolo de resistência, com trabalhadores protestando nas ruas vestidos com os figurinos da produção.

Hwang Dong-hyuk já havia causado impacto com o filme ‘Silenciados’ (2011), que abordava casos reais de abusos contra crianças com deficiência em Gwangju. O filme gerou protestos e resultou na criação da Dogani Bill, que endureceu as punições para crimes contra pessoas com deficiência. No entanto, Veiga observa que a segunda temporada de ‘Round 6’ perdeu a densidade crítica e a atenção aos problemas sociais presentes na primeira temporada e em obras como ‘Parasita’, de Bong Joon Ho.

Veiga explica que a estrutura tradicional dos K-dramas está sendo adaptada para atender ao mercado ocidental, como aconteceu com ‘Round 6’. A adição de novas temporadas e a ampliação dos arcos narrativos refletem uma tendência de adaptação às plataformas de streaming, que priorizam o público internacional.

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