Operação policial mira influenciadores como Bia Miranda e Maumau por promoção ilegal do ‘Jogo do Tigrinho’, investigando lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros relacionados a jogos de azar online.
Créditos: G1
Uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro, denominada ‘Desfortuna’, deflagrada nesta quinta-feira, teve como alvos influenciadores digitais proeminentes como Bia Miranda, Buarque e Maumau. A ação visa desmantelar um esquema de promoção ilegal de jogos de azar online, com destaque para o controverso ‘Jogo do Tigrinho’. A operação se estende pelos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, com o objetivo de investigar crimes como lavagem de dinheiro, estelionato, publicidade enganosa e delitos contra a economia popular.
Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão na residência de Maumau, em São Paulo, as autoridades encontraram uma arma de fogo, resultando em sua prisão em flagrante. As gêmeas Paulina e Paola de Ataíde também figuram entre os alvos da operação. Ao todo, foram emitidos 31 mandados de busca e apreensão, direcionados a 15 indivíduos, em sua maioria influenciadores digitais que juntos somam uma expressiva audiência de quase 35 milhões de seguidores nas plataformas Instagram e TikTok.
O delegado Renan Mello esclareceu que a operação não se concentra em casas de apostas esportivas (bets), legalizadas e regulamentadas, mas sim na divulgação de jogos de azar online, como os caça-níqueis, sendo o ‘Jogo do Tigrinho’ o mais popular no Brasil. A investigação também mira fintechs, com a Justiça autorizando a quebra de seus sigilos fiscais, com o objetivo de rastrear o fluxo financeiro do esquema.
As investigações revelaram que os influenciadores promoviam os jogos prometendo lucros rápidos e fáceis, com o intuito de atrair novos jogadores para as plataformas online. Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicam que os investigados movimentaram aproximadamente R$ 40 milhões em contas pessoais no período entre 2022 e 2024.
Segundo o delegado, os influenciadores ostentavam um padrão de vida luxuoso como forma de incentivar seus seguidores a apostar nos jogos. Além da divulgação, os investigados são suspeitos de integrar uma organização criminosa com divisão de tarefas entre divulgadores, operadores financeiros e empresas de fachada. As autoridades estimam que o esquema criminoso tenha movimentado cerca de R$ 4,5 bilhões.
A polícia apura ainda se os influenciadores recebiam uma porcentagem das perdas dos apostadores que acessavam os sites por meio de seus links de divulgação. Alguns teriam sido contratados para fazer publicidade e, simultaneamente, movimentar grandes quantias em contas pessoais. As investigações foram conduzidas em conjunto com o Gabinete de Recuperação de Ativos (GRA) e o Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro (Lab-LD) da Polícia Civil.
O ‘Jogo do Tigrinho’, um dos alvos da operação, é um cassino online que promete ganhos elevados, mas acumula relatos de prejuízos financeiros. O jogo consiste em combinar três figuras iguais nas fileiras da tela. No Brasil, ganhou popularidade por meio de campanhas de divulgação realizadas por influenciadores digitais e jogadores que compartilham suas estratégias.
No Brasil, jogos onde o resultado depende exclusivamente da sorte são classificados como jogos de azar, conforme a Lei de Contravenções Penais. Essa classificação difere das apostas esportivas regulamentadas, onde os jogadores fazem previsões sobre eventos esportivos, como partidas de futebol, cujo resultado é acompanhado publicamente.
Além do ‘Jogo do Tigrinho’, outras plataformas online também são alvo de reclamações de usuários que relatam prejuízos financeiros, levantando preocupações sobre a legalidade e transparência desses jogos.
