O artigo detalha o ‘Projeto Neymar’, uma estratégia ambiciosa do Santos para manter Neymar Jr. no clube, comparando-o a Ayrton Senna e buscando transformá-lo em um ícone global. O texto aborda a construção do império de Neymar pai, a hiperexposição do jogador e as controvérsias em torno de sua carreira.
Uma estratégia audaciosa, idealizada para manter uma jovem promessa no futebol brasileiro, revela detalhes surpreendentes sobre os bastidores da carreira de Neymar Jr. Em agosto de 2010, um encontro estratégico na sede do Banco Santander, em São Paulo, marcou o ponto de partida de um plano ambicioso. Neymar da Silva Santos, o pai do jogador, o então presidente do Santos, Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro (Laor), o executivo de marketing Armênio Neto, o agente Wagner Ribeiro, e outros membros da diretoria do clube se reuniram para discutir o futuro de Neymar Jr., que na época já despontava como o maior talento do futebol nacional.
O simbolismo da reunião começou com um gesto impactante: uma cadeira vazia, estrategicamente posicionada na sala. Armênio Neto, com palavras cuidadosamente ensaiadas, dirigiu-se a Neymar pai: ‘Essa cadeira permanece desocupada desde a perda de Ayrton Senna e está reservada para o próximo ídolo brasileiro, que será seu filho.’ O Santos, ciente do crescente interesse europeu em Neymar Jr., preparou uma apresentação detalhada para convencê-lo a permanecer no clube, oferecendo ao pai um plano de carreira sem precedentes.
O primeiro slide da apresentação, carregado de simbolismo, exibia a mesma cadeira vazia, acompanhada da frase: ‘Existe um espaço vazio no coração do Brasil, que não é preenchido desde a morte do piloto Ayrton Senna.’ O objetivo do projeto era claro: ‘Mais do que um simples plano de carreira, buscamos construir um projeto de vida para o atleta Neymar, lapidando seu talento bruto e transformando-o em um ícone eterno.’ Nascia ali o ‘Projeto Neymar’.
Essa narrativa faz parte do primeiro episódio de ‘Neymar’, um novo podcast original UOL Prime que mergulha na trajetória de Neymar Jr. e de seu pai, Neymar da Silva Santos. Lançado recentemente, o podcast se desenrola ao longo de cinco episódios, disponibilizados semanalmente no canal de YouTube do UOL Prime e em diversas plataformas de podcasting, como Spotify, Apple Podcasts e Deezer, além de ser veiculado no YouTube do UOL Esporte.
O podcast revela como Neymar pai, com visão estratégica e ambição, construiu um império bilionário em torno do talento e da imagem do filho, transformando-o não apenas em um jogador de renome mundial, mas em uma celebridade global. O ‘Projeto Neymar’ representou uma iniciativa pioneira no futebol brasileiro, visando reter talentos e maximizar seu potencial dentro e fora de campo.
Em 2010, Neymar tinha apenas 18 anos, mas já havia demonstrado ao mundo o seu potencial. Clubes europeus o monitoravam de perto, e o Chelsea manifestou o desejo de pagar a multa rescisória de 35 milhões de euros para contratar o jovem talento. A oferta era tentadora, mas Neymar pai sabia que alguns anos de amadurecimento no Brasil seriam cruciais para o sucesso futuro do filho na Europa. Por isso, ele indicou ao Santos que não descartaria a permanência, desde que o clube apresentasse um plano ambicioso para o desenvolvimento de Neymar Jr.
Foi nesse contexto que o Santos elaborou o ‘Projeto Neymar’, sob a liderança de Armênio Neto. A iniciativa, inédita no futebol brasileiro, previa remunerar Neymar e seu pai com salários compatíveis aos padrões europeus, por meio de contratos de publicidade. O objetivo imediato era manter o atacante no país, mas os efeitos do projeto se estenderiam muito além, transformando a trajetória da família Neymar. Ali, a semente de um futuro promissor foi plantada, transformando o jogador em uma das personalidades mais famosas do mundo e em um dos maiores garotos-propaganda do país, consolidando o pai como um empresário de renome global.
Após a analogia com Ayrton Senna, o projeto avançou na apresentação de exemplos de figuras que Neymar deveria almejar se tornar. Imagens de Michael Jordan, Pelé, Maradona, Senna e Tiger Woods foram exibidas como modelos de sucesso e inspiração. Foram estabelecidas as bases de um modelo de carreira que passava pela capacitação do pai para atuar como agente e gestor da imagem do filho. A apresentação continha uma visão ambiciosa do futuro de Neymar, caso o projeto fosse seguido à risca.
‘Craque. Descolado. Irreverente. Inspirador. Ousado. Sex appeal. Mais do que um ídolo, ele deve ser um WELL LOVED GUY (um cara bem amado). Não ser apenas o melhor do mundo, mas o MAIOR DO MUNDO. UM MITO.’ Essa visão grandiosa, no entanto, contrastava com a realidade enfrentada pelo jogador ao longo de sua carreira.
A hiperexposição publicitária da imagem de Neymar Jr. o acompanhou até os dias atuais. Em seu auge na Europa, o atacante chegava a realizar viagens rápidas para países como Japão e Emirados Árabes para cumprir compromissos comerciais durante a temporada. Essa intensa agenda fora de campo, no entanto, gerou críticas e questionamentos sobre o impacto em seu desempenho esportivo.
Entre os torcedores do Santos, não há dúvidas de que Neymar Jr. se tornou um ídolo. Para outros torcedores e segmentos da sociedade brasileira, no entanto, ele se tornou uma figura controversa. No centro das críticas está a sua dedicação constante a compromissos comerciais fora de campo, em detrimento do desempenho em campo. O contraste ficou ainda mais evidente desde 2022, período no qual ele sofreu com lesões e não conseguiu uma sequência de jogos, mas continuou onipresente na mídia.
A própria apresentação de 2010 continha uma ressalva: os compromissos fora de campo seriam dosados para priorizar o desempenho esportivo. Quinze anos depois, é questionável se essa promessa foi cumprida, e o legado de Neymar Jr. permanece como um exemplo complexo de talento, ambição e os desafios de se manter no topo do mundo do futebol.
