A cúpula do PSDB aprova a fusão com o Podemos, visando fortalecer o centro democrático e garantir recursos para as eleições de 2026, buscando um novo protagonismo na política nacional.
Créditos: G1
Em uma decisão unânime, a executiva nacional do PSDB deu sinal verde para a continuidade das negociações de fusão com o Podemos, marcando um momento crucial na reconfiguração do cenário político brasileiro. A aprovação formal da fusão está agendada para 5 de junho, durante uma convenção nacional especialmente convocada para esse fim.
A concretização dessa união, que ainda depende da aprovação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), resultará na criação de uma nova força partidária, provisoriamente denominada ‘PSDB+Podemos’. A convenção nacional do PSDB, instância máxima do partido, detém o poder de ratificar ou rejeitar a proposta de fusão, com direito a voto concedido aos membros do diretório nacional, delegados estaduais e parlamentares tucanos.
Dirigentes de ambos os partidos manifestaram otimismo quanto à convocação de uma convenção semelhante pelo Podemos em junho. A formalização do registro da nova legenda junto ao TSE somente ocorrerá após a conclusão dessas etapas. Paralelamente, intensos debates estão previstos para o mês de maio, com o objetivo de definir os pormenores da nova agremiação.
Uma comissão, composta por representantes do PSDB e do Podemos, será incumbida de moldar a identidade visual e conceitual do novo partido. Essa comissão definirá o nome oficial, a marca, a estrutura de comando, o número de identificação, o mascote, o estatuto e o programa partidário da futura sigla.
A fusão tem o potencial de impulsionar a representação parlamentar, projetando a nova bancada como a sétima maior da Câmara dos Deputados, com 28 membros, e a quarta maior do Senado Federal, com 7 senadores, igualando-se ao União Brasil.
Aécio Neves (MG), presidente do Instituto Teotônio Vilela, vinculado ao PSDB, saudou a decisão como um ‘passo decisivo’ para o resgate do protagonismo tucano na política nacional. Em declarações à imprensa, Neves delineou o perfil do novo partido como uma força de centro, ‘liberal na economia, inclusiva no social e pragmática na política externa’.
A negociação da fusão tem sido conduzida ao longo de meses, culminando em um consenso que se consolidou nas últimas semanas. Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB, enfatizou o compromisso do partido em apresentar propostas e debater soluções para o país, antecipando a formação de uma nova configuração partidária dentro do ‘centro democrático’ até o início de junho.
Estima-se que o ‘PSDB+Podemos’ terá direito à sexta maior fatia dos recursos públicos destinados ao financiamento de campanhas em 2026. Essa distribuição será baseada no desempenho eleitoral das siglas em 2022, sem ser afetada pela migração de deputados federais decorrente da fusão.
O PSDB enfrentava um período de turbulência interna, marcado pela iminente saída de governadores eleitos pelo partido. A fusão com o Podemos surge como uma estratégia para conter o declínio do PSDB e preservar seu legado histórico. Há ainda a esperança de que a união possa dissuadir Eduardo Leite de migrar para o PSD.
Leite manifestou apoio à fusão durante uma videoconferência, relembrando sua trajetória no partido e sinalizando que suas futuras ambições eleitorais não serão prejudicadas na nova estrutura partidária. Aécio Neves minimizou a debandada de tucanos, argumentando que a fusão fortalecerá o centro e que as decisões individuais serão respeitadas.
O PSDB, que já ocupou a presidência da República e liderou o ranking de parlamentares eleitos, tem sofrido um declínio em sua representação em todos os estados. Esse declínio é atribuído ao desempenho eleitoral de 2022, quando o partido se uniu ao Cidadania em uma tentativa de melhorar seus resultados.
O principal temor do PSDB é que a perda de representação leve a um estrangulamento financeiro e ao desaparecimento do partido, em decorrência do endurecimento da cláusula de barreira. A expectativa é que a fusão garanta o acesso a recursos públicos e tempo de propaganda em rádio e TV, possibilitando o investimento em campanhas e a eleição de correligionários, evitando assim a superação da cláusula de barreira.
A partir de 2027, para que os partidos tenham direito ao tempo de TV e rádio e ao fundo partidário, será preciso:
- Eleger ao menos 15 deputados federais, em ao menos um terço dos estados; ou
- Obter, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo 2% dos votos válidos, distribuídos em ao menos um terço das unidades da Federação.