O corpo do Papa Francisco foi levado em procissão da Casa de Santa Marta até a Basílica de São Pedro, marcando o início do velório público. A cerimônia, conduzida por sediários pontifícios, atraiu milhares de fiéis e líderes religiosos, que prestaram suas últimas homenagens ao pontífice. O funeral oficial será realizado no sábado, seguido por nove dias de luto e orações.

Créditos : G1

A Igreja Católica e o mundo se despedem do Papa Francisco, cujo falecimento desencadeou uma série de ritos e cerimônias tradicionais. O corpo do pontífice foi solenemente transladado da Casa de Santa Marta, sua residência, para a Basílica de São Pedro, marcando o início do velório público. Este evento, carregado de simbolismo e tradição, atrai olhares de fiéis e observadores globais.

A responsabilidade de conduzir o caixão coube a 14 sediários pontifícios, membros da corte papal encarregados de serviços cerimoniais e práticos no Vaticano. Historicamente, os sediários eram responsáveis por carregar a cadeira papal, uma prática descontinuada pelo Papa Paulo VI. A escolha de designá-los para esta tarefa sublinha a importância da tradição e continuidade na liturgia da Igreja.

A procissão seguiu um percurso cuidadosamente planejado, atravessando a Praça Santa Marta e a Praça dos Protomártires Romanos, antes de passar pelo Arco dos Sinos em direção à Praça de São Pedro. A entrada na basílica pela porta central simboliza o retorno do líder espiritual ao coração da Igreja Católica.

Milhares de fiéis, muitos vindos de diferentes partes do mundo, aguardavam ansiosamente a chegada do corpo, formando filas extensas para prestar suas últimas homenagens. O velório público, com duração prevista até sexta-feira, oferece uma oportunidade para que pessoas de todas as origens expressem seu luto e gratidão pelo pontificado de Francisco. O caixão será lacrado às 15h, horário de Brasília (20h no horário local), marcando o fim desta etapa do luto público.

Antes da abertura do velório ao público, bispos e padres realizaram ritos privados em memória do Papa. Segundo informações do Vaticano, cerca de 80 cardeais e patriarcas da Igreja Católica participaram destas cerimônias, juntamente com bispos, padres, freiras e leigos, evidenciando a unidade da Igreja em um momento de luto.

A emoção era palpável na Praça de São Pedro, onde uma multidão aplaudia o Papa Francisco à medida que o caixão passava. Este gesto, profundamente enraizado na cultura italiana, reflete o respeito e a admiração da população pelo líder religioso. Estima-se que 20 mil fiéis estiveram presentes na praça, muitos demonstrando forte emoção diante da perda.

Em um gesto de humildade e simplicidade, Francisco havia solicitado a exclusão do Palácio Apostólico do trajeto da procissão, buscando tornar a cerimônia mais acessível e menos formal. Esta decisão reflete a abordagem pastoral e o compromisso com os menos favorecidos que marcaram seu pontificado. O cardeal irlandês-americano Kevin Farrell, camerlengo da Santa Sé, liderou o ritual da procissão e conduziu a Liturgia da Palavra na Basílica de São Pedro. Um momento de oração precedeu a saída da Casa Santa Marta, unindo os participantes em um espírito de fé e esperança.

Outra demonstração do desejo de Francisco por simplicidade foi a decisão de expor o corpo diretamente no caixão, sem a plataforma elevada tradicionalmente utilizada. Além disso, o pontífice solicitou um caixão mais modesto, composto por uma única estrutura de madeira revestida com zinco, em vez das três urnas utilizadas no passado. O funeral oficial será realizado no sábado, às 10h (5h em Brasília), com uma missa na Praça de São Pedro, presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio dos Cardeais. A celebração marcará o início dos “novemdiales”, os nove dias de luto e orações pela alma do Papa. Em um último pedido, Francisco expressou o desejo de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, e não na cripta da Basílica de São Pedro, rompendo com a tradição de seus antecessores.