O presidente dos EUA, Donald Trump, notificou 14 parceiros comerciais sobre novas tarifas, gerando reações globais e preocupações sobre uma guerra comercial. As cartas, enviadas aos chefes de Estado, detalham tarifas mínimas de 25% a 40% sobre importações e ameaçam tarifas adicionais para países alinhados com o BRICS. A medida visa pressionar por acordos comerciais mais favoráveis aos EUA.
Créditos: G1
A administração Trump intensificou sua política comercial global ao notificar 14 parceiros comerciais sobre a imposição de tarifas mínimas sobre produtos importados. As tarifas, que variam entre 25% e 40%, estão programadas para entrar em vigor a partir de 1º de agosto, marcando uma nova escalada nas tensões comerciais internacionais. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, indicou que mais notificações serão emitidas nos próximos dias, sinalizando uma abordagem abrangente para remodelar os acordos comerciais dos Estados Unidos. Essa ação ocorre em meio a tentativas contínuas de firmar acordos bilaterais, com apenas um punhado de países alcançando um entendimento prévio com Washington até o momento.
A estratégia de Trump parece ser uma manobra de pressão, buscando acelerar as negociações e forçar concessões. Além de enviar cartas aos chefes de Estado, o presidente republicano optou por divulgar os documentos em sua plataforma de mídia social, Truth Social, ampliando o alcance de sua mensagem e intensificando a pressão pública sobre os países-alvo. Em paralelo, Trump assinou um decreto adiando oficialmente a data de retomada das tarifas recíprocas para 1º de agosto. Essa medida concede um respiro temporário para as nações afetadas, permitindo que busquem alternativas e negociem termos mais favoráveis antes que as tarifas entrem em vigor. Originalmente, essas tarifas, que impactam mais de 180 países, deveriam ser reativadas em breve.
As cartas enviadas aos líderes estrangeiros seguem um formato padronizado, enfatizando a “força e o compromisso” dos EUA com suas parcerias comerciais. Trump expressa o desejo de manter as negociações, ao mesmo tempo em que ressalta a preocupação com os déficits comerciais significativos. Em uma carta direcionada ao primeiro-ministro japonês, Trump declarou que a tarifa de 25% é consideravelmente menor do que o necessário para compensar o desequilíbrio comercial. Ele também indicou que a tarifa pode ser evitada se empresas japonesas optarem por investir e fabricar produtos nos Estados Unidos.
A decisão de prorrogar a suspensão das tarifas recíprocas oferece um período adicional de três semanas para a negociação de acordos bilaterais. Até o momento, Washington formalizou acordos limitados com o Reino Unido e o Vietnã, e um acordo com a China está em fase de avaliação. A maioria dos países busca evitar as tarifas propostas, que podem variar entre 10% e 50%.
A União Europeia está particularmente focada em evitar sobretaxas em setores-chave como agricultura, tecnologia e aviação. No entanto, as negociações com os EUA permanecem desafiadoras. Há indícios de que a UE pode não receber uma carta formal dos EUA estabelecendo tarifas mais altas, o que poderia indicar uma abordagem diferenciada em relação ao bloco. Além das negociações com a UE, países como Japão, Índia, Coreia do Sul, Indonésia, Tailândia e Suíça estão correndo contra o tempo para apresentar concessões de última hora, visando evitar as tarifas iminentes.
Trump também direcionou sua atenção ao BRICS, grupo de países emergentes que inclui Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Egito, Arábia Saudita, Etiópia, Indonésia e Irã. O presidente americano anunciou que imporá uma tarifa adicional de 10% a “qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do BRICS”.
A declaração de Trump gerou reações imediatas. O Ministério das Relações Exteriores da China expressou sua oposição ao uso de tarifas como ferramenta de coerção, enquanto a Rússia enfatizou que a cooperação dentro do BRICS não é dirigida contra terceiros. A África do Sul, por sua vez, destacou que o BRICS busca promover um multilateralismo reformado e uma ordem global mais equilibrada. O Brasil ainda não se manifestou oficialmente sobre as declarações de Trump e suas possíveis implicações para o país.
As cartas enviadas por Trump revelam uma estratégia agressiva de negociação, combinando ameaças de tarifas com incentivos para investimentos nos Estados Unidos. O presidente americano argumenta que essas medidas são necessárias para corrigir desequilíbrios comerciais de longa data e proteger a economia americana. No entanto, a abordagem de Trump tem sido recebida com ceticismo e preocupação por muitos países, que temem uma escalada nas tensões comerciais e um impacto negativo na economia global.
- Japão: Tarifa de 25% sobre todos os produtos.
- União Europeia: Negociações em andamento para evitar sobretaxas.
- Países do BRICS: Ameaça de tarifa adicional de 10% para alinhados a políticas ‘antiamericanas’.