A união entre PP e União Brasil promete reconfigurar o cenário político, com impactos significativos nas eleições futuras e no comando de ministérios. A federação levanta questões cruciais sobre alinhamentos ideológicos e estratégias para 2026.
Créditos: G1
Em um movimento que promete reconfigurar o panorama político nacional, o Partido Progressistas (PP) e o União Brasil oficializaram, em Brasília, a formação de uma federação partidária. O ato, realizado no Congresso Nacional, sela um acordo que prevê a atuação conjunta das legendas em todas as esferas, marcando um novo capítulo na política brasileira. A decisão de unir forças é resultado de intensos debates internos. O PP já havia sinalizado, em março, a intenção de formalizar a aliança com o União Brasil, que por sua vez, ratificou a decisão em assembleia recente. A federação, batizada provisoriamente de União Progressista, surge como uma alternativa para fortalecer a atuação dos partidos no cenário nacional.
As federações partidárias, vale lembrar, representam um modelo de aliança que congrega duas ou mais siglas sob um mesmo guarda-chuva. As regras estabelecem que as legendas atuem como um bloco único por um período mínimo de quatro anos, o que exige alinhamento estratégico e coesão nas campanhas eleitorais. A federação deve, portanto, apresentar candidaturas unificadas e defender um programa de governo em comum.
Ronaldo Caiado (União Brasil), proeminente figura da nova federação e governador de Goiás, manifestou otimismo quanto ao futuro da aliança. Segundo ele, a federação tem o potencial de alcançar a Presidência da República em 2027, sinalizando um projeto ambicioso de poder.
Ainda pairam dúvidas sobre a definição do nome oficial da federação. Nos bastidores do Congresso, cogitou-se que o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), assumiria a presidência da nova legenda. No entanto, a proposta não encontrou consenso entre os integrantes do União Brasil. A solução encontrada foi a designação de dois “copresidentes” para 2024: Ciro Nogueira (atual presidente do PP) e Antônio Rueda (presidente do União). A partir de 2025, a federação deverá eleger um presidente único.
Outro ponto de discórdia entre os caciques dos dois partidos é a ocupação de cargos no primeiro escalão do governo. Ciro Nogueira, por exemplo, defende publicamente a entrega do Ministério do Esporte, atualmente sob o comando de André Fufuca (PP-MA). O partido também controla a Caixa Econômica Federal. Articuladores políticos do PP na Câmara, contudo, resistem à ideia, argumentando que o comando de um ministério garante ao partido acesso ao Palácio do Planalto, interlocução com ministros, emendas parlamentares e relatorias de projetos de interesse do governo.
No União Brasil, a questão também divide opiniões. O deputado Pedro Lucas (União-MA), por exemplo, nunca manifestou interesse em assumir o Ministério das Comunicações, mas reconhece a importância de o partido integrar o primeiro escalão do governo Lula para garantir interlocução com o Palácio do Planalto. Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado, indicou o atual ministro das Comunicações, Frederico Siqueira Filho, após a recusa de Pedro Lucas.
Ainda não há definição sobre qual será o posicionamento da federação em relação às eleições presidenciais de 2026. Em 2022, o PP de Ciro Nogueira apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro (PL), enquanto o União Brasil liberou os diretórios estaduais para apoiar Lula ou Bolsonaro. Para 2026, a federação precisará construir um consenso sobre qual candidato apoiar. Em entrevista recente, Ciro Nogueira afirmou que o PP não apoiará Lula em uma eventual reeleição. Já Ronaldo Caiado se lançou como pré-candidato a presidente. A “superfederação”, como tem sido chamada por lideranças de outros partidos, terá direito à maior fatia do fundo público de financiamento de campanhas. Estima-se que, se a federação estivesse valendo em 2024, as siglas teriam arrecadado cerca de R$ 1 bilhão em recursos públicos para as eleições.
A formação dessa federação é um evento crucial que pode remodelar as forças políticas no Brasil. Questões sobre liderança, alinhamentos ideológicos e estratégias eleitorais para 2026 permanecem no centro das atenções, à medida que a federação busca consolidar sua posição no cenário político nacional. Liderança e Estratégia: A escolha dos líderes e a definição de uma estratégia coesa serão fundamentais para o sucesso da federação. Apoio Eleitoral: A decisão sobre quem apoiar em 2026 será um teste crucial para a coesão interna da federação. Financiamento: O acesso a uma grande fatia do fundo público de campanha pode dar à federação uma vantagem significativa nas próximas eleições.